O Mosteiro de Varlaam, construído entre 1541 e 1548 é o segundo maior de Meteora |
Meteora que em grego significa "no meio do céu", "suspenso no ar" ou "lá em cima dos céus" está etimologicamente relacionada com a palavra "Meteorito" é um dos maiores e mais importantes complexos de Mosteiros Ortodoxos na Grécia, sendo apenas ultrapassado em grandiosidade pelo complexo do Monte Athos. Tratam-se de seis mosteiros construídos sob enormes pilares rochosos que se erguem magistralmente na região das planícies da Tessália na Grécia Central. Os mosteiros de Meteora estão incluídos na lista de Património Mundial de UNESCO.
História
Mosteiro do Grande Meteoro |
No século IX um grupo de monges ermitas visando o isolamento total trocaram as grutas de Theopetra pelas fissuras e buracos em rochas localizadas mais acima, algumas a 550 metros de altitude, e tornaram-se nos primeiros seres humanos a habitar Meteora.
Os monges levavam uma vida de isolamento, confinados à sua fé, encontrando-se entre eles apenas uma vez por semana para rezar numa capela situada no sopé de uma rocha conhecida como Dhoupiani.
A data de construção dos primeiros mosteiros não é conhecida sendo que em finais do século XI, terá sido fundado um estado monástico de estrutura muito arcaica centrado na igreja de Theotokos, ainda existente nos nossos dias. Reza a história que essa comunidade ter-se-á transferido no final do século XII para Meteora.
O transporte de mercadorias para o Mosteiro do Grande Meteoro era efectuado através de uma corda
A inacessibilidade era o maior refúgio para os monges
No final do século XIV, o Império Bizantino que vigorou durante 800 anos no Norte da Grécia começou a estar ameaçado pela crescente presença de salteadores Otomanos que ambicionavam controlar as férteis planícies da região da Tessália e mais uma vez revelou-se bastante útil o facto de os monges terem construído os mosteiros em locais inacessíveis. O isolamento e a inacessibilidade do local onde se encontra o mosteiro do Grande Meteoro faz com que exista uma lenda que diz que Atanásio, o fundador do mosteiro, não escalou a rocha, sendo até ali transportado por uma águia.
As escadas de acesso ao Mosteiro do Grande Meteoro apenas foram escavadas na rocha vários séculos após a sua construção, em 1920, para fins turísticos. O acesso a estas é feito por uma ponte a partir da rocha em frente daquela onde se ergue o mosteiro.
Estima-se que no inicio do século XIV tenham sido construídos mais de vinte mosteiros cujo acesso era de tremenda dificuldade envolvendo o transporte quer de mercadorias quer de pessoas através de cordas que eram içadas pelos próprios monges para o interior dos mosteiros. Apenas seis chegaram aos dias de hoje.
Os peregrinos arriscavam a vida ao tentar aceder aos mosteiros principalmente ao de Varlaam cuja corda, que reza a lenda apenas era substituída ao partir-se devido à vontade de Deus, era içada a uma altura de quase 400 metros.
Hoje em dia, e, apesar de habitados, quatro dos mosteiros são habitados por homens e dois habitados por mulheres, os mosteiros são monumentos de grande atracção turística, facto que levou a que os monges que procuram uma vida de grande isoladamente se tenham vindo a transferir para o Monte Athos. Em nenhum dos mosteiros de Meteora residem mais do que dez monges ou freiras.
Diário de Viagem
A minha viagem até Meteora começou em Maio de 2012 na pequena cidade de Kalambaka, uma pequena cidade de pouco mais de 11 mil habitantes, parte integrante da província de Trikala, situada mesmo no sopé das altas rochas de Meteora.
O enquadramento da cidade de Kalambaka e da pequena aldeia de Kastoria nas rochas onde se situam os mosteiros de Meteora levaram-na a ser considerada pelos gregos uma das mais bonitas cidades de toda a Grécia
A cidade de Kalambaka é uma cidade antiga que existe desde o século X quando ainda era conhecida como Stagoi, todavia dessa época apenas subsiste uma igreja bizantina. O cidade foi renomeada Kalambaka, que em turco significa "poderosa fortaleza", durante a ocupação Otomana que vigorou na cidade até 1881, ano em que a cidade foi anexada ao Reino da Grécia
As rochas de Meteora estimam-se que datem de 60 milhões de anos atrás
Desde Kalambaka existe um serviço público regular de autocarro até ao Mosteiro do Grande Meteoro passando pela aldeia de Kastoria que se situa na subida entre Kalambaka e o alto das rochas de Meteora. Durante a subida a paisagem é impressionante, as rochas são de uma enorme altura e grandiosidade ao ponto de custar a crer que há séculos atrás tenha sido possível construir mosteiros no seu topo.
Mosteiros de Rossanou e de São Nicolau Anapausas (esquerda e direita, respectivamente)
Desde o principio da subida avistei várias pessoas a praticar alpinismo nas rochas, porém apenas consegui avistar os mosteiros mesmo no final da subida tendo ficado impressionado pela forma como estes estão integrados na rocha, parecendo inacessíveis, ainda nos dias de hoje.
Imagens fotografadas no interior do Mosteiro do Grande Meteoro, o maior mosteiro de Meteora
O primeiro mosteiro que visitei foi o Mosteiro do Grande Meteoro, que por ser o maior talvez seja aquele que recebe mais visitantes. O mosteiro tem uma igreja central com lindos frescos e outras pequenas capelas e um ossário. No interior do mosteiro é possível visitar outros locais que fazem parte da vida diária dos monges que ali habitam, desde a cantina até à cozinha.
Os frescos no interior do mosteiro do Grande Meteoro
O claustro do mosteiro tem um jardim onde alguns preguiçosos gatos dormiam sob o quente sol de um dia de mais de trinta graus.
Desde o claustro do mosteiro do Grande Meteoro pode observar-se mesmo
em frente o espectacular mosteiro de Varlaam que infelizmente não pude visitar
devido a encontrar-se encerrado naquele dia.
Mosteiro de Varlaam desde o mosteiro do Grande Meteoro focado com duas lentes diferentes
O segunto e último mosteiro que visitei foi o mosteiro de Rossanou, também conhecido por mosteiro de Santa Bárbara. Este mosteiro habitado por freiras situa-se um pouco mais abaixo na estrada que sobe até ao mosteiro do Grande Meteoro e data do século XVI.
Fotografias tiradas no interior do mosteiro de Rossanou
Devido a estar a deslocar-me a pé desde
o momento em que o autocarro me deixou no mosteiro do Grande Meteoro e a
distancia entre os vários mosteiros ser grande e sempre em constantes subidas e
descidas e estar um dia de calor abrasador apenas consegui visitar dois
mosteiros, menos um do que o meu plano inicial que incluía também o mosteiro de
Varlaam que se encontrava encerrado.
A beleza dos mosteiros de Meteora faz com que estes estejam inscritos na lista de património mundial da UNESCO
Após a visita ao mosteiro de Rossanou do qual tive de sair devido ao
horário de encerramento optei por seguir toda a estrada até à aldeia de
Kastoria, tirando imensas fotografias de diferentes locais de todos os
mosteiros de Meteora.
Na aldeia de Kastoria consegui que um casal de holandeses que estava a
passar de carro me levasse até ao parque de campismo situado a quatro
quilómetros.
Como Chegar
Estrada que liga Kalambaka a Meteora |
Cheguei a Kalambaka num autocarro proveniente da cidade de Ioaninna, no entanto apesar da rede ferroviária na Grécia ser algo limitada, existe ligação ferroviária desde Kalambaka até à capital Atenas. Curiosamente Kalambaka era a estação terminal da antiga linha de caminho-de-ferro da região da Tessália, agora integrada no serviço de caminho-de-ferro nacional grego, a OSE.
No entanto convém salientar que a viagem desde Kalambaka até Atenas não é directa, envolvendo um cambio de comboio, além de se tratar de uma longa viagem de aproximadamente 9 horas. Existe pelo menos um serviço regular diário de camionagem que liga Kalambaka a Atenas.
Local absolutamente divinal, quer pelas condições naturais quer pela carga histórica e pelos trabalhos de arquitectura, engenharia
ReplyDeletee artes plásticas que evidencia.
Adorei a descrição, até porque desconhecia esta região.
Belíssimas fotos! Que local fantástico. Se não fosse pelas suas fotos e o seu relato detalhado, seria difícil acreditar na existência de monastérios em um local tão isolado.
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