Friday, July 6, 2012

Durrës

Anfiteatro romano de Durrës com o porto da cidade como pano de fundo



A cidade de Durrës localiza-se a cerca de 30 quilómetros de Tirana, e trata-se de uma cidade antiga que foi a capital da Albânia até 1920. Hoje é uma cidade algo descaracterizada por um turismo massivo e sem muita qualidade e é também um ponto de passagem para quem se desloca de autocarro de Tirana para a maior parte das regiões do país e principalmente rumo às fronteiras, devido à impossibilidade de circulação de autocarros na muito antiga e montanhosa estrada que liga a capital Tirana à cidade de Elbasan.

História


A história da cidade de Durrës remonta ao período da ocupação dos Gregos do Corinto que lhe deram o nome de Epidamnos, em latim Epidamnus.
Na sequência da derrota dos Ilírios na guerra contra Romanos no ano de 229 a.c. a cidade passaria assim a ser controlada pelos Romanos, que a desenvolveram como uma base militar naval alterando-lhe também o nome para Dyrrachium.
Durante o período Romano a cidade acabaria por prosperar tornando se o ponto mais ocidental da Via Egnatia, a grande via romana que unia Roma com Constantinópola passando por Salónica. Após a Batalha de Actium a cidade de Dyrrachium acabaria por ser nomeada civitas libera por César Augusto passando assim a consistir numa colónia para veteranos de guerra das legiões romanas.
No século IV a.c. a cidade de Dyrrachium onde nasceria o Imperador Anastácio I à volta do ano de 430, seria promovida a capital da província Romana de nova Epirus.
 
                                                                Ruínas do antigo teatro Romano de Dyrrachium

No mesmo século a cidade seria assolada por um enorme terramoto sendo posteriormente reconstruída por Anastácio I que fortificou as suas muralhas tornando-a na cidade mais fortificada dos Balcãs ocidentais. Partes dessas muralhas ainda subsistem embora as suas dimensões sejam menores com o passar dos séculos.
Durrës não foi afectada pela queda do Império Romano Ocidental visto ter continuado sob domínio do Império Bizantino como um importante porto de ligação entre o Império Bizantino e a Europa Ocidental.
Mosaico Bizantino no Teatro Romano de Durres
A cidade tornou-se uma província bizantina no princípio do Século IX, e apesar de ter sido palco de invasões Búlgaras nesse século, permaneceu sob domínio bizantino até quase ao final do Século X. No período que se seguiu a cidade esteve sob controlo dos Búlgaros, dos Normandos, e novamente dos Bizantinos que a voltaram a perder para os Normandos, até que em 1205 na sequência da Quarta Cruzada, a cidade passou para as mãos dos Venezianos que ali estabeleceram o Ducado de Durazzo.
No entanto a cidade continuou a ser um palco de constantes invasões e até ao grande terramoto de 1272 o Ducado foi primeiro tomado pelo Principado do Epiro (um dos três Estados bizantinos gregos fundados pela nobreza exilada do Império Bizantino após a tomada de Constantinopla), posteriormente foi também ocupado pelo Rei da Sicília, voltando mais tarde a ser reocupado pelo Principado do Epiro até este ser derrotado pelo Império de Niceia (outro dos três estados bizantinos gregos) na Batalha da Pelagónia. Em 1270 a cidade passaria outra vez para as mãos do Principado de Epiro que em 1278 foi forçado a entrega-la a Carlos de Anjou.

Ruínas de uma velha igreja Bizantina em Durres
No ano de 1296 Durres foi ocupada por pouco tempo pelo Rei Milutin da Sérvia, e no princípio do Século XIV a cidade estava sob domínio de uma coligação entre Anjous, Húngaros e Albaneses da família de Thopia. Em 1317 foi tomada pelos Sérvios que ali permaneceram até meados de 1350. Naquela época o Papa apoiado pelos Anjous, aumentou a sua influência tanto ao nível diplomático como político naquela área recorrendo aos Bispos Latinos, incluindo o arcebispo de Durrës. A cidade tinha sido o maior centro religioso do Catolicismo após Anjou se ter ali instalado. Em 1272 um arcebispo Católico foi ali instalado e até meados do Século XIV existiram duas linhagens de arcebispos em Durrës, Católico e Ortodoxo.

Torre Veneziana no centro da cidade de Durres        
Posteriormente a cidade passaria a ser controlada pelos Sérvios, no entanto aquando da morte do Rei Sérvio Dusan, em 1355, a cidade passaria para as mãos da família albanesa de Thopias. Em 1376 a companhia. A. partir deste período desencadeou-se uma luta entre esta família e os Venezianos pelo controlo da cidade, com os Venezianos a reconquistar definitivamente o controlo da cidade em 1392 incluindo-a na Albania Veneta e voltando-lhe a dar o nome de Durazzo.
 A cidade continuaria no entanto não por muito tempo sob controlo veneziano porque viria a ceder às forças Otomanas em 1501, isto apesar de em 1466 ter conseguido resistir a um posterior ataque Otomano.
Mesquita de Durres, reconstruída após o comunismo

Durante o período Otomano verificar-se-iam as maiores mudanças na cidade apesar da sua longa história contemplar diversas colonizações operadas por vários povos. Durrës era desde muito cedo uma cidade Cristã com o seu bispado a ser criado pensa-se no ano 58 e elevado o seu estatuto para arcebispado no ano 449, tendo sido também sede de um bispo metropolitano Ortodoxo Grego.
Como supracitado seria no período Otomano que se operariam as maiores mudanças na cidade, pelo menos a nível religioso, com uma grande parte dos habitantes a converterem-se ao Islão, e um grande número de mesquitas a serem construídas. No entanto ao nível da sociedade a cidade Otomana de Diraç (a cidade viu o seu nome ser alterado mais uma vez) não prosperaria vendo por isso a sua importância diminuir razoavelmente, cingindo-se a sua população a cerca de 1000 pessoas em meados do Século XIX.
Rua em Durres
No entanto Durrës revelar-se-ia uma cidade bastante importante no Movimento Nacional de Libertação da Albânia nos períodos entre 1878 - 1881 e de 1910 - 1912. Ismail Qemali hasteou na cidade a bandeira albanesa no dia 26 de Novembro de 1912, porém três dias depois na sequência da Primeira Guerra dos Balcãs a cidade acabaria depois por caír mais uma vez em mãos sérvias.
O exército real da Sérvia retirar-se-ia de Durrës em Abril de 1913 quase no eclodir da I Guerra Mundial, durante a qual a cidade passou a ser controlada por Italianos, em 1915, e Austro-Húngaros, 1916-1918, sendo recapturada pelos Aliados no ano de 1918.
Durrës foi ainda a segunda capital da Albânia, depois de Vlore (cidade onde foi declarada a independência do país), durante o muito breve governo do Príncipe William de Wied (nomeado pelos alemães), passando depois a ser a capital da Albânia entre 1918 e 1920, durante o reinado de Zog I da Albânia. A cidade perderia o seu estatuto de capital para Tirana no dia 11 de Fevereiro de 1920 durante o congresso de Lushnje.
A II Guerra Mundial aportaria também grandes mudanças à cidade visto esta ter sido anexada, como de aliás toda a Albânia, pela Itália fascista, entre 1939 e 1943, sendo posteriormente ocupada pela Alemanha Nazi, até 1944. Este facto fez com que a cidade fosse altamente danificada pelos bombardeamentos dos Aliados durante a Guerra, principalmente as instalações do porto que foram bombardeadas até à retirada dos Alemães.

                                                Em cima: Costa Adriática junto à área portuária de Durres 
                                             Em baixo: Ruas próximas da praça central da cidade de Durres

Estação ferroviária de Durres
No período pós II Guerra Mundial o regime de Enver Hoxha reconstruiu rapidamente a cidade, estabelecendo ali uma série de indústrias pesadas além de expandir a capacidade do porto. A cidade tornou-se também na estação terminal da primeira linha férrea albanesa, que foi inaugurada em 1947. A cidade passou a ser, sendo ainda hoje, o principal centro turístico de praia em toda a Albânia. Após o fim do regime comunista, Durrës tornou-se num dos principais pontos de emigração em massa da Albânia para Itália com um grande número de pessoas a tentar rumar ao país transalpino. Facto que fez com que a Itália tivesse de intervir militarmente instalando um contingente militar na área portuária da cidade.


                                                         
 Diário de Viagem
  
Devido à sua proximidade face a Tirana acabei por estar em Durrës algumas vezes embora tenha visitado a cidade só por duas vezes. A primeira vez que estive em Durrës fui convidado para um seminário que decorreu num dos muitos complexos turísticos um pouco fora da cidade. Após o término do seminário aproveitei para me deslocar ao centro da cidade através de um autocarro que me deixou muito próximo da área do porto marítimo. Do porto até à praça central da cidade onde se localizam a Mesquita, o Teatro e Estação Ferroviária são cerca de quinze minutos a pé.

                                    Em cima: Complexos turísticos nas praias do mar adriático próximas de Durres
                                 Em baixo: Exterior da Estação Ferroviária (esq) e Fachada do Teatro de Durres (dta)


Muito próximo do centro situa-se o antigo anfiteatro romano de Durres que é uma das maiores construções deste tipo nos Balcãs. Para se aceder à área arqueológica é necessário o pagamento de um bilhete, facto que todavia não inclui nem um folheto com informação relativa ao anfiteatro romano.

                           Apesar de não estar muito desenvolvido turisticamente existe alguma informação à entrada

Ao longo da caminhada pela cidade são visíveis os prédios de habitação comunistas construídos durante o regime de Enver Hoxha.

    Em cima: Cenas de rua fotografadas em diversos pontos da cidade (ambas as fotografias)  
    Em baixo: Pequena praça próxima da muralha (esq) Típico prédio comunista Albanês (dta)


Como Chegar

Apeadeiro à entrada da cidade de Durres
A maneira mais fácil de chegar a Durres é sem dúvida através das minivans já mencionadas noutros posts, que demora cerca de meia hora desde Tirana. Existe também a opção autocarro que sendo um pouco mais demorada acaba por compensar por ser mais confortável dos que as minivans que acabam por não ter um número limitado de lugares.Uma opção a considerar é o comboio desde Tirana. Este meio de transporte tem um custo muito reduzido devido a ser bastante arcaico visto não ter sofrido qualquer tipo de alteração desde o fim do regime comunista. Por cerca de 50 cêntimos de euro pode revelar-se uma experiência quase única viajar uma distância de 40 quilómetros durante quase uma hora e meia. A viagem decorre a uma velocidade muito lenta mas a adrenalina existe visto sempre que se passa dentro de uma aldeia ter de se baixar a cabeça de forma a fugir das pedras lançadas pelas crianças e adolescentes.

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