Os campos de Prilep olhando as casas no sopé da montanha onde se erguem as Torres de Marko |
A cidade de Prilep foi fundada nas ruínas da antiga cidade Styberra, uma cidade na Antiga Macedónia que foi posteriormente incorporada no Império Romano. A cidade seria pilhada e parcialmente destruída pelos Godos no ano 268 ficando por isso quase inabitada nos séculos que se seguiram. A cidade foi mencionada pela primeira vez como Prilep em 1014, o lugar onde o Czar Samuil da Bulgária terá alegadamente sofrido um ataque cardiaco ao assistir a um ataque das tropas Otomanas que vitimou milhares dos seus soldados na sequencia da Batalha de Belasica.
História
Torre do Relógio em Prilep |
Durante o reinado do Rei Marko foram construídas nas montanhas próximas da cidade, a mais de 150 metros de altura, as Markovi Kuli, ou Torres de Marco, torres muralhadas em granito que serviam de palácio e de fortificação defensiva, que durante invasão Otomana serviram de refúgio a uma população assustada e em fuga, são nos dias de hoje a maior marca de Prilep cujo estudos arqueológicos aludem à presença humana no local desde tempo imemoriais.
As montanhas onde se erguem as Torres de Marko (esq) Prilep vista desde as montanhas em frente (dta)
A cidade permaneceu no interior das fronteiras do Império Otomano até 1913 quando passou a ser parte do Reino da Sérvia, e entre 1918 e 1941 esteve integrada no Reino da Jugoslávia e posteriormente, entre 1944 e 1991, na República Socialista Federal da Jugoslávia.
Hoje com uma população de mais de 60 mil pessoas é a quarta maior cidade do Estado soberano e independente da República da Macedónia que se destaca pela produção de tabaco e de cigarros adquiridos por grandes marcas internacionais como a Marlboro e a Camel depois de devidamente processado nas fábricas locais como a Tutunski kombinat Prilep.
As Torres de Marko no caminho das crianças (esq) O cultivo do tabaco é comum até mesmo no centro da cidade (dta)
Cheguei a Prilep num dia do mês de Abril de 2012 num comboio proveniente da vizinha cidade de Bitola com a intenção de efectuar um percurso de cerca de quatro horas de caminhada nas montanhas vizinhas até ao mosteiro de Treskavec, situado a oito quilómetros da cidade, nas montanhas Zlatovrv, e é um dos mais isolados e inacessíveis da Europa onde vive apenas um monge ortodoxo.
Chegada do comboio que liga Bitola à capital Skopje na chegada à estação de Prilep (esq) Rua principal de Prilep (dta)
A cidade de Prilep apesar de ser a quarta cidade da República da Macedónia trata-se de uma pequena cidade onde ainda predomina a vida rural.
Em Prilep a vida rural faz parte do quotidiano da grande parte dos seus habitantes (todas as fotografias)
As montanhas estão a poucos minutos de distancia da cidade (ambas as fotografias)
Cruz erguida nas Torres de Marko (esq) Prilep vista das montanhas (dta)
A cidade de Prilep apesar de ser a quarta cidade da República da Macedónia trata-se de uma pequena cidade onde ainda predomina a vida rural.
Da cidade eram já visíveis as montanhas onde se situa o mosteiro do século XII cuja visita era o principal objectivo da minha chegada à cidade
Esperavam-me cerca de quatro horas de marcha num caminho em terra atravessando várias montanhas até poder avistar o mosteiro de Treskavec.
Parte do caminho entre as montanhas (esq) Setas que indicam o caminho a seguir (dta)
A beleza da paisagem das montanhas e o impressionante silencio que se sente durante o caminho é verdadeiramente fascinante.
Durante alguns troços o caminho torna-se duro havendo mesmo uma parte que tem de literalmente escalar-se uma rocha granítica com auxílio de uma corda o que me faz supor que durante o inverno, com a neve, o mosteiro seja totalmente inacessível.
O caminho é bastante longo mas o facto de continuar a não avistar o mosteiro começou a fazer-me pensar que me poderia ter perdido o que por momentos me preocupou porque o céu ameaçava mesmo muita chuva.
O céu escuro a anunciar chuva (esq) A minha primeira visão do mosteiro (dta)
O momento em que avistei o mosteiro foi realmente uma sensação agradável apesar de me fazer no entanto pensar que não teria tempo de fazer todo o caminho de volta à cidade, ainda mais com a enorme queda de chuva que se perspectivava, caso não pudesse lá passar a noite.
Igreja Bizantina no interior do Mosteiro de Treskavec |
Portão do Mosteiro e torre dos sinos (esq) Igreja de Treskavec (dta)
Quando ultrapassei o portão de entrada no mosteiro fui recebido por um simpático cão que me acompanhou por todo o percurso que efectuei pelo mosteiro. Estava fascinado como no alto da montanha e isolado por cerca de quatro horas de marcha por um percurso apenas possível a pé havia alguém que ali vivia isolado, de facto um lugar perfeito para a meditação.
Continuei a andar pelo interior do mosteiro mas sem continuava a não encontrar o monge. Havia sinais de que ele estava no interior do mosteiro como indicava uma porta entreaberta com a chave a pender da fechadura desde onde espreitei pela fresta e pude ver um machado encravado numa pilha de lenha acabada de cortar.
O mosteiro encontra-se algo degradado devido ao trabalho de restauro ser apenas obra do monge residente
Quarto onde passei a noite em Treskavec |
Não foi preciso muito mais tempo para que um grande cão São Bernardo até então calado tivesse começado a ladrar pensava eu relativamente à minha presença. Respondendo ao chamamento do seu cão o monge finalmente apareceu no pátio para dar de comer e beber ao animal. Era um homem muito alto na casa dos quarenta com longos cabelos e barba que não pareceu muito surpreendido por me ver visto não me ter perguntado mais do que se desejava passar a noite no mosteiro. A breve comunicação que tivemos foi em inglês e posteriormente ele voltou a desaparecer voltando pouco tempo depois com uma chave de um quarto e de uma cozinha, sem me dar qualquer indicação sobre horas, regras, preços, o que quer que fosse.
O quarto onde dormi situava-se no piso superior da parte do mosteiro que envolvia a igreja, bem no centro do complexo. Durante a noite choveu muito e fez muito vento e pareciam ouvir-se barulhos vindos de todas as partes o que me fez pensar em como seria passar todo o inverno sozinho num local tão isolado bem no cume da montanha.
Na manha seguinte acordei cedo no sentido de começar a caminhar antes da hora do calor. Depois de ir à cozinha comer o resto da comida que trazia comigo na mochila optei por visitar de novo a igreja e tirar algumas fotografias à mesma. Não voltei a encontrar o monge mas deixei uma doação na caixa de doações da igreja pelo facto de ter ali passado a noite.
Alguns frescos estão já algo degradados mas a sua beleza é inegável (todas as fotos)
A construção do Mosteiro de Treskavec ou de Santa Bogorodica data do século XII sendo o seu património bastante rico de onde se destacam os frescos cujos mais antigos datam do séculos XIV e XV altura em que o mosteiro foi reconstruido por Stefan Uros II da Sérvia.
O restauro da igreja e do mosteiro está a cargo do monge residente
Apesar da sua grande beleza a igreja e algumas partes do mosteiro não estão nas condições ideais de conservação e restauro apesar de todos os esforços do monge residente e das populações das aldeias vizinhas que contribuem pessoal e financeiramente para a restauração do momento.
A antiga torre do sino onde se situa o portão principal está bastante degradada apesar da sua beleza (todas as fotos)
Creio que um monumento com tanta antiguidade e beleza como este deveria merecer mais atenção e cuidado por parte das autoridades locais ou mesmo nacionais que se deveriam encarregar do investimento nas acções de restauro do mesmo.
Fotografia ao deixar o mosteiro (esq) uma das capelas cavadas nas rochas graníticas (esq)
Deixei o mosteiro por volta das nove da manha e visitei algumas pequenas e muito antigas capelas cavadas nas rochas não muito distantes do templo que já me tinham chamado a atenção no dia anterior mas que optei por não visitar devido à pressão de ter que chegar ao mosteiro ainda com a luz do dia. Parecem ser monumentos bastante antigos apesar de não haver nenhuma informação disponivel relativamente aos mesmos.
Paisagens captadas durante o caminho de volta até Prilep (todas as fotos)
Durante o caminho de volta tive muito mais tempo e disponibilidade para contemplar as paisagens fantásticas dos cerca de oito quilómetros de distancia desde o mosteiro de Treskavec até à cidade de Prilep, onde cheguei por volta da uma hora da tarde, mesmo a tempo de apanhar o comboio para a capital Skopje.
Altar a caminho de Treskavec |
Apesar de me ter deslocado a Prilep desde a cidade de Bitola, a melhor forma de chegar até Prilep é desde a capital Skopje de onde existem dois serviços regulares diários de comboio bem como diversos autocarros a preços bastante acessíveis. Uma vez em Prilep aconselho vivamente a visita do Mosteiro de Treskavec, no entanto caso tenha dificuldades em caminhar durante muito tempo será muito difícil atingir o mosteiro visto que para isso terá de enfrentar um percurso de cerca de oito quilómetros em montanha.
Bela aventura! Mas eu não passaria uma noite sozinho nesse mosteiro isolado e semi-abandonado. Eu faria essa aventura com alguém ou num pequeno grupo.
ReplyDeleteComo sempre, belas fotos, mas você precisa melhorar suas habilidades como cinegrafista :p
Во секој случај прекрасни статии.. Импресионирана сум од твојот труд да направиш нешто иновативно.. Горда сум што потекнувам од таква земја.. I expect new storis soon..
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