A Torre do Relógio bem no centro de Gjakove |
Antes da guerra a população de Đakovica hoje conhecida pelo nome albanês Gjakovë, era de 145 mil habitantes, sendo que a grande maioria, 93%, eram kosovares albaneses, habitando na cidade apenas cerca de 3 mil kosovares sérvios.
No entanto, de acordo com estatísticas de 2011, após os sérvios terem
sido forçados a abandonar a cidade, existem apenas 5 sérvios em Gjakovë, que são os monges que vivem no mosteiro de Assumpção de Theotokos.
História
As fracturas étnicas que caracterizam o Kosovo estão bem patentes na cidade de Đakovica ou Gjakovë, começando desde logo pelas diferentes teorias sobre a origem do nome da cidade. De acordo com os Sérvios o nome da cidade Đakovica, deriva da palavra Đak que significa aluno, todavia os albaneses dizem que a cidade Gjakovë tem origem na palavra Gjak, que na língua albanesa significa sangue.
Gjakovë tem origem no final do século XVI, aquando da construção da mesquita Hadum Suleiman Aga Hadum Efendia, no entanto foi no século XX que cidade entrou no mapa dos Balcãs, como uma das cidades que mais sofreu durante os confrontos entre os exércitos Sérvio-montenegrino e Austro-húngaro durante as guerras balcânicas. Há relatos de violência e crimes contra a população não cristã por parte da policia militar Montenegrina, a krilaši.
A cidade foi também das cidades mais afectadas pela Guerra do Kosovo tendo ficado parcialmente destruída tendo-se registado um grande número de mortes de kosovares albaneses às mãos das tropas sérvias que foram acusadas de terem cometido crimes de guerra na cidade.
Unidades militares jugoslavas foram estacionadas no interior e nos arredores da cidade de forma a prevenir possíveis ataques do Exército de Libertação do Kosovo desde a muito próxima fronteira da Albânia. A guerrilha teve uma efeito devastador na cidade que resultou, de acordo com a OSCE, na expulsão de 75% da população pela polícia Sérvia e pelo Exército Jugoslavo.
São inúmeras as casas ainda em tijolo sinónimo da destruição da guerra que ainda assombra a cidade (ambas as fotos)
A cidade acabou por ficar quase inteiramente destruída na sequência dos combates entre o Exército de Libertação do Kosovo e as forças Governamentais da Jugoslávia e foram muitas as mortes de civis vitimas de crimes contra a Humanidade cometidos pelos Jugoslavos.
De salientar que a maior parte das acusações de crimes de guerra e contra a Humanidade de que foi alvo Slobodan Milosevic tiveram origem nos crimes cometidos em Đakovica, que está entre as cidades kosovares com maior número de desaparecidos desde a Guerra do Kosovo. A maioria da população kosovar albanesa voltou à cidade no final do conflito e a pouco a pouco a cidade foi sendo reconstruida e as lojas sendo reabertas.
As ruas antigas são charmosas e bem reconstruidas ao ponto de não serem visíveis traços da guerra (ambas as fotos)
Gjakovë tem origem no final do século XVI, aquando da construção da mesquita Hadum Suleiman Aga Hadum Efendia, no entanto foi no século XX que cidade entrou no mapa dos Balcãs, como uma das cidades que mais sofreu durante os confrontos entre os exércitos Sérvio-montenegrino e Austro-húngaro durante as guerras balcânicas. Há relatos de violência e crimes contra a população não cristã por parte da policia militar Montenegrina, a krilaši.
A cidade foi também das cidades mais afectadas pela Guerra do Kosovo tendo ficado parcialmente destruída tendo-se registado um grande número de mortes de kosovares albaneses às mãos das tropas sérvias que foram acusadas de terem cometido crimes de guerra na cidade.
A reconstrução da cidade não está concluída os traços da guerra que destruiu a cidade são ainda visíveis (ambas as fotos)
Unidades militares jugoslavas foram estacionadas no interior e nos arredores da cidade de forma a prevenir possíveis ataques do Exército de Libertação do Kosovo desde a muito próxima fronteira da Albânia. A guerrilha teve uma efeito devastador na cidade que resultou, de acordo com a OSCE, na expulsão de 75% da população pela polícia Sérvia e pelo Exército Jugoslavo.
São inúmeras as casas ainda em tijolo sinónimo da destruição da guerra que ainda assombra a cidade (ambas as fotos)
De salientar que a maior parte das acusações de crimes de guerra e contra a Humanidade de que foi alvo Slobodan Milosevic tiveram origem nos crimes cometidos em Đakovica, que está entre as cidades kosovares com maior número de desaparecidos desde a Guerra do Kosovo. A maioria da população kosovar albanesa voltou à cidade no final do conflito e a pouco a pouco a cidade foi sendo reconstruida e as lojas sendo reabertas.
A zona de Qarshia e Madhe foi completamente restaurada após ter sido arrasada durante a guerra (ambas as fotos)
Diário de Viagem
Visitei por duas vezes a cidade de Gjakovë, a primeira vez no mês de Novembro de 2011, quando fui com dois amigos visitar amigos comuns ali residentes, e a segunda vez no mês de Março de 2012 quando passe pela cidade em transito para a cidade de Pejë também no Kosovo.
Ao chegar a Gjakovë a minha primeira impressão era de que se tratava de uma pequena cidade do interior do Kosovo sem muitos pontos de interesse à partida. Ainda mais depois de saber que esta pequena cidade tinha sido uma das cidades mais afectadas de todo o Kosovo durante o período de guerra e um principais locais onde foram travados combates entre as tropas Jugoslavas e o Exército de Libertação do Kosovo pensei encontrar uma cidade nova e sem quaisquer edifícios antigos ou monumentos, daí ter sido uma grande surpresa aquilo com que me deparei na parte mais antiga da cidade.
São muitos os edifícios em tijolo, sem pintura, traços de uma cidade em reconstrução depois de destruída pela guerra(ambas)
Estátuas em honra de Emin Duraku, mártir comunista natural de Gjakove (esq) e de Madre Teresa de Calcutá (dta)
Ao chegar a Gjakovë a minha primeira impressão era de que se tratava de uma pequena cidade do interior do Kosovo sem muitos pontos de interesse à partida. Ainda mais depois de saber que esta pequena cidade tinha sido uma das cidades mais afectadas de todo o Kosovo durante o período de guerra e um principais locais onde foram travados combates entre as tropas Jugoslavas e o Exército de Libertação do Kosovo pensei encontrar uma cidade nova e sem quaisquer edifícios antigos ou monumentos, daí ter sido uma grande surpresa aquilo com que me deparei na parte mais antiga da cidade.
São muitos os edifícios em tijolo, sem pintura, traços de uma cidade em reconstrução depois de destruída pela guerra(ambas)
Ao caminhar pelas ruas da parte antiga de Gjakovë é fácil perceber que esta zona da cidade foi reconstruida recentemente, mesmo que a reconstrução tenha sido feita de acordo com os traçados Otomanos originais.
Uma taverna num edifício velho em pedra (esq) Uma das ruas da Qarshia, ou bazaar com o velho hotel à direita (dta)
A zona da Qarshia e madhe, ou grande bazaar, é uma bonita zona comercial de construção Otomana que foi completamente arrasada pela guerra. Hoje está reaberta ao público após um grande investimento que permitiu a reconstrução da zona e a reabertura das lojas no local.
A Qarshia e madhe é a zona mais bonita da cidade (ambas as fotos)
No centro da histórico da cidade o esforço de reconstrução durante o período de pós guerra tem sido imenso. São bastantes os bonitos edifícios da época Otomana que foram reerguidos após a cidade ter sido dilacerada pela guerra. Também se nota a tentativa de voltar a trazer a vida da cidade de volta para a parte antiga: são muitas as lojas, restaurantes e cafés existentes.
O estilo arquitectónico da parte antiga da cidade são talvez a maior herança Otomana (dta)
O meu primeiro dia acabou com um verdadeiro jantar típico albanês de inverno na casa da família dos nossos amigos.
O jantar mais típico que tive durante toda a minha estadia no Kosovo (todas as fotos)
No dia seguinte acordamos bem cedo com a intenção de deixar Gjakovë nessa manhã rumo a Tirana, no entanto quando nos dirigimos à bilheteira da estação de camionagem apercebemo-nos que as ligações a Tirana eram só efectuadas em horário nocturno e por isso tivemos que adiar a nossa partida até depois do jantar.Depois de sairmos da estação de camionagem decidimos andar um pouco até fora da cidade, de forma a ver o terreno onde alguns anos antes tinha havido grandes confrontos entre o Exército de Libertação do Kosovo e as Tropas Jugoslavas pelo controlo da cidade, no entanto não foi uma caminhada muito longa porque era o inicio do inverno e as temperaturas já começavam a baixar bastante.
Um pastor com as suas vacas à saída da cidade (esq) Eu no caminho de pastores que segue até fora da cidade (dta)
Decidimos passar as ultimas horas do dia na zona de Qarshia e madhe onde entramos dentro de um café para tomar um café turco, típico na região, deixando passar assim algumas horas até ao jantar.
Uma colorida mercearia (esq) Eu e um dos meus amigos na principal rua da Qarshia e madhe (dta)
O dia acabou num restaurante bem no alto de uma colina de onde se podia observar toda a parte antiga da cidade.
Eu e os meus amigos e colegas de trabalho em Tirana, Alberto e Goran, e os nossos amigos de Gjakove, Donika e Ylle.Como Chegar
Estrada de acesso a Gjakove desde Prishtine |
Chegar a Gjakovë desde Prishtinë leva cerca de uma hora e quarenta minutos. Também é possível chegar a Gjakovë desde Prizren, uma cidade do Kosovo muito próxima da fronteira albanesa, porque o autocarro que nos transportou até Tirana, na verdade levou-nos apenas até Prizren onde tivemos de trocar de autocarro para fazer o trajecto até Tirana. Esta não é no entanto uma cidade que conste de nenhum roteiro turístico da região mas tive curiosidade em visitar, primeiro por saber que tinha sido uma das cidades mais afectadas pela Guerra do Kosovo e que até hoje continua a ser uma das cidades do Kosovo com um maior numero de pessoas ainda desaparecidas, e em segundo lugar por conhecer pessoas que ali vivem e nasceram e poder ali ouvir as suas historias sobre o período em que a guerra afectou a sua cidade.