Rua pedonal de Kol Idromeno no centro de Shkoder |
Shkodër é uma das
cidades mais antigas e históricas da Albânia e também dos Balcãs
Ocidentais talvez devido à sua posição estratégica próxima do Mar
Adriático e consequentemente dos portos Italianos. Outra das razões que
tornaram a cidade importante ao longo da sua história é a sua
proximidade face ao Lago Shkodër, o maior dos Balcãs, que a Albânia partilha com o Montenegro. Tal como outras cidades da Albânia, foram muitos os povos que dominaram Shkodër, desde os Romanos, Bizantinos, Sérvios, Búlgaros,Venezianos, e até Áustro-húngaros.
História
Shkodër era conhecida como Scodra na antiguidade e foi a primeira capital do primeiro reino da tribo Iliria de Ardiaei no século III a.c. A cidade foi a capital do reino do Rei Ilirio, Gentius, até ser capturada pelos Romanos no ano 168 a.c. tornando-se um ponto muito importante nas rotas comerciais e militares Romanas. Com a colonização da cidade pelos Romanos, esta permaneceu nos primeiros tempos integrada na província de Illyricum sendo mais tarde incorporada na província da Dalmácia.
Foi durante o período da Idade Média que os povos Eslavos começaram a chegar à cidade, tendo o Imperador Bizantino, Heráclio, concedido um território aos Sérvios nos Balcãs Ocidentais, no qual estava incluída a cidade de Shkodër, logo na primeira metade do século VII
O Estado Sérvio desintegrar-se-ia após a morte do Príncipe Časlav no ano de 960 e seria anexado posteriormente por Khan Samuel, que no ano de 997 tinha já conquistado toda a região da Tessália, o Epiro, a Macedónia, forçando depois Jovan Vladimir, sucessor do Príncipe Časlav, a submeter-se ao domínio Búlgaro, que seria pouco depois substituído pelo do Império Bizantino.
Os Sérvios voltaram a dominar a cidade até a queda do Império Sérvio, no século XIV, a cidade ficou sob controlo da família Balsic e posteriormente do albanês Leke Dukagjini, que se rendeu aos Venezianos.
Catedral Ortodoxa de Shkodër |
O Estado Sérvio desintegrar-se-ia após a morte do Príncipe Časlav no ano de 960 e seria anexado posteriormente por Khan Samuel, que no ano de 997 tinha já conquistado toda a região da Tessália, o Epiro, a Macedónia, forçando depois Jovan Vladimir, sucessor do Príncipe Časlav, a submeter-se ao domínio Búlgaro, que seria pouco depois substituído pelo do Império Bizantino.
Os Sérvios voltaram a dominar a cidade até a queda do Império Sérvio, no século XIV, a cidade ficou sob controlo da família Balsic e posteriormente do albanês Leke Dukagjini, que se rendeu aos Venezianos.
Após duas poderosas ofensivas, em 1474 e 1479, os Otomanos liderados por Mehmet "O Conquistador" conseguiram assegurar o domínio da cidade que passou a sede de sanjak em 1485. No entanto, a conquista de Shkodër não foi nada fácil com os Otomanos que sofriam pesadas baixas cada vez que tentavam invadir o castelo, tendo assim de cercar a cidade bombardeando-a constantemente de forma a desgastar a moral dos seus habitantes. De forma a resolver a
situação os Otomanos optaram por fazer um acordo com os Venezianos que
pôs finalmente fim ao conflito permitindo aos cidadãos que largassem as
armas ficando os Otomanos com o controlo da cidade.
Vista a partir do castelo de Rozafa (esq) Ruínas no interior das muralhas do castelo de Rozafa (dta)
Interior da mesquita de Ebu Bekr |
A importancia da cidade fez com que outros países começassem a abrir consulados em Shkodër desde 1718, e que os próprios Otomanos alterassem o estatuto da cidade de sanjak para vilayer - um sanjak era uma unidade administrativa otomana menor do que um vilayet. İşkodra, nome Otomano de Shkodër era um sanjak de Rumelia Eyalet desde a época de Murad I, até 1867, ano em que os Otomanos optaram por juntar os sanjaks de İşkodra e de Üsküp, nome Otomano de Skopje, formando o vilayet de Shkodër, que se passou a dividir nos sanjaks de Shkodër, Prizren e Dibra. Com o assegurar do domínio Otomano na cidade, em meados do século XVII, um grande número de cristãos deixaria a cidade que entretanto prosperaria a nível económico, através da produção de artefactos de seda e de prata bem como armas, e cultural, através da construção de monumentos como mesquitas e outros edifícios dos quais alguns chegaram até hoje.
Fachada da Mesquita de Ebu Bekr (esq) Fachada do museu de história da cidade de Shkodra (dta)
O período do despertar do nacionalismo albanês com a Liga de Prizren e a formalização da luta pela libertação, foi também o período em que a população de Shkodër se começou a envolver directamente na luta pelas terras albanesas, envolvimento este que culminaria com a perda de 150 mil vidas até à consumação da independência.
Rua de Shkoder |
Porém a I Guerra Mundial colocaria outra vez a cidade sob domínio estrangeiro, primeiro foram de novo as tropas Montenegrinas a conquistar Shkodër em Junho de 1915 onde permaneceram até Janeiro de 1916, quando foram derrotadas pelo Exército Áustro-húngaro que transformou a cidade na mais importante de todas as que detinham em sua posse nos Balcãs.
Após o culminar da I Guerra Mundial a administração militar internacional da Albânia esteve temporariamente localizada em Shkodër passando apenas a ser administrada a nível nacional pelo governo sediado em Tirana em 1920, altura em que os Sérvios tentaram, sem sucesso, uma vez mais invadir a cidade.
Exemplos da arquitectura comospolita do Império Áustro-húngaro em Shkoder (todas as fotos)
Durante o período de regime Comunista a cidade acabou por perder um pouco do seu carácter religioso nomeadamente cristão, visto a cidade ser sede de uma diocese católica, antes do Comunismo. A cidade voltou a estar muito activa politicamente nos anos 1990 sendo palco de um dos maiores movimentos democráticos em todo país, que muito contribuiu para o fim do já muito enfraquecido regime Comunista liderado por Ramiz Alia, o sucessor de Enver Hoxha.
Diário de Viagem
Após o período Comunista a cidade passou por um período de reabilitação urbana como sucedeu por exemplo em Tirana, com as ruas a serem pavimentadas, os edifícios pintados e as ruas a verem os seus nomes mudados.
Teatro Migjeni em Shkoder (esq) Praça da Democracia (dta)
Visitei Shkodër vindo de Tirana num fim de semana no final de Maio de 2012 e passei dois dias nesta cidade muito próxima da fronteira com o Montenegro.
Exemplos da ruas antigas no centro da cidade de Shkoder (todas as fotos)
Surpreendeu-me a muito bonita zona da rua pedonal de Kol Idromeno, uma zona de arquitectura Áustro-húngara, cuja existencia na Albânia era por mim desconhecida. Esta zona, além da sua beleza, é uma zona com muita animação noturna com os seus bares e restaurantes.
A rua pedonal de Kol Idromeno, de arquitectura Áustro-húngara, é dos locais mais bonitos de Shkoder (todas as fotos)
A cidade de Shkodër é uma cidade maioritariamente católica, no entanto a moderna mesquita de Ebu Bekr é um monumentos que também se podem visitar na cidade.
A mesquita de Ebu Bekr (esq) O edifício da Camara Municipal da cidade (dta)
Junto à Praça da Democracia situam-se os grandes edifícios de arquitectura comunista, como o edifício da Rádio e principalmente o Hotel Rozafa, local de reuniao dos membros mais importantes do Partido Comunista na cidade, e ainda hoje aberto ao público embora em condiçoes algo decrépitas.
O castelo de Rozafa é visitável e proporciona uma óptima vista para a cidade e principalmente para o Lago Shkodër.
Edificio da Rádio Shkoder, e Hotel Rozafa, um dos expoentes da arquitectura do período comunista na cidade
A melhor forma de acabar o dia na cidade de Shkodër é fazendo uma caminhada pelas ruas adjacentes á rua Kol Idromeno, sentarmo-nos a tomar uma bebida ao mesmo tempo que podemos observar a monumental arquitectura Áustro-húngara.
Como Chegar
Chegar a Shkodër não é uma tarefa dificil a partir de Tirana, onde existem muitos autocarros e minivans desde as 7 da manha até às 5 da tarde, com um custo de cerca de um euro. A viagem dura cerca de duas horas.
Praça da Democracia, principal praça da cidade de Shkodra, e onde param os autocarros e minivans provenientes de Tirana
Também é possivel chegar a Shkodër a partir do Montenegro, apanhando um táxi até à fronteira, ou um autocarro até à cidade de Ulcijn, que embora se situe no Montenegro è habitada por uma população maioritariamente albanesa. Existem dois autocarros por dia e o preço do bilhete é de 5 euros.
Gostei da diversidade arquitetônica dessa cidade. Arquitetura medieval (o castelo) e ruas antigas se misturam a arquitetura romântica ou neo-clássica deixada pelos Austro-Húngaros e a feia arquitetura comunista, além dos prédios modernos. Bacana.
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